Por: Ingrid Oliveira
A estimativa é de que no Brasil, 7.600 novos casos de mieloma múltiplo sejam identificados por ano. Mas o que se sabe sobre o mieloma? O que é? Por que o diagnóstico é tão difícil?
Quem responde essas e outras dúvidas é o Prof. Dr. Angelo Maiolino. Professor adjunto de Hematologia do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Chefe do Serviço de Hematologia e Coordenador do Programa de Transplante de Medula Óssea do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, UFRJ. Membro do International Myeloma Working Group (IMWG) e membro do Conselho Científico da International Myeloma Foundation Latin America
Primeiro, precisamos entender: o que é mieloma? Por que e como ocorre?
“Mieloma múltiplo é um câncer que ocorre na célula do sangue que se chama plasmócito; linfócito, que produz anticorpos. Ele se torna doente e começa a produzir uma proteína alterada, proteína doente também, que vai causar uma série de problemas; o paciente fica com as defesas baixas, suscetível a infecções e por aí em diante”, diz o médico.
As causas do mieloma ainda são desconhecidas, esse tipo de câncer não está associado a nenhuma causa tão clara quanto o câncer de pulmão, por exemplo que tem 90% dos casos ligados ao tabaco, explica Maiolino: “O mieloma não tem nenhuma causa devida, nenhuma relação tão clara quanto: tabaco, cigarro e câncer de pulmão. Não funciona desse jeito.
É possível que fatores ambientais desencadeiem a doença em pessoas que tenham uma certa pré-disposição a tê-la, mas não existe uma clareza sobre isso”.
Quanto aos sintomas, eles são muitos. Apesar de serem confundidos com outras patologias, a dor intensa nos ossos e anemia são os principais indícios do mieloma: “Quando a doença se manifesta, ela se manifesta particularmente por dor. Dor óssea, dor nas costas principalmente, ou dor em qualquer tipo de osso. Uma dor que não passa com nada, que não melhora com nenhum medicamento, isso é um sinal de alerta importante. O paciente pode sentir cansaço por conta de anemia, pode apresentar alguma alteração renal, tudo isso é sinal de alerta em relação a doença”, explica o hematologista.
Segundo Dr. Angelo, o principal problema para o diagnóstico é que as manifestações do mieloma são confundidos com outras doenças e o próprio paciente quando começa a sentir dor, começa a se automedicar. O diagnóstico do mieloma múltiplo só pode ser comprovado após análises de exames laboratoriais de sangue, urina e biópsia da medula óssea. “Os principais exames são; da medula óssea, biópsia e aspirado da medula óssea para ver se existem células alteradas. É preciso também fazer exames de sangue e urina para ver se tem a presença da proteína. Então eletroforese, imunofixação, e dosagem de cadeias leves e livres no sangue. Esses exames são fundamentais para determinar o diagnóstico da doença”, comenta o médico.
Após os testes na medula, o diagnóstico fica pronto de três a cinco dias.
Segundo o hematologista, a identificação precoce dos sintomas é determinante para um bom tratamento: “a demora do diagnóstico é um problema muito sério. O atraso piora o prognóstico, o quadro do paciente fica mais grave; pode apresentar fraturas patológicas, pode desencadear insuficiência renal, é muito ruim atrasar o diagnóstico. É importante que outros médicos; clínicos, ortopedistas, reumatologistas conheçam o mieloma para se fazer o diagnóstico o quanto antes”.
O tratamento do mieloma depende da condição de saúde e idade do paciente. O Dr. Angelo Maiolino explica quais são os tipos de tratamento: “é importante separar os pacientes; se eles serão candidatos ou não para o transplante de medula óssea. Um fator é a idade, mas, não só. Geralmente os pacientes abaixo de 70 anos a gente considera para o transplante, acima não”.
Por ser um câncer do sangue, uma das dúvidas mais frequentes é se o mieloma múltiplo é hereditário, mas o Dr. Maiolino explica: “mieloma não é hereditário. Existe um aumento de risco em famílias, a probabilidade de ter mieloma em uma família que tenha mieloma é maior do que quando comparado a população geral, mas isso não quer dizer que é hereditário.”
Segundo a International Myeloma Foundation, a incidência do mieloma é maior em pessoas acima dos 65 anos, entretanto isso não é exclusividade. Cada vez mais pessoas abaixo desta faixa etária estão sendo diagnosticadas.
Um fator de risco também é o gênero, a incidência do mieloma múltiplo é mais comum em homens do que em mulheres.
É importante que se fale sobre mieloma; o diagnóstico precoce que ainda é um problema, é essencial para o sucesso no tratamento. Cerca 29% dos pacientes levaram mais de 1 ano para receber o diagnóstico de mieloma múltiplo. 20% tiveram o diagnóstico inconclusivo e 37% passaram por mais de três médicos para enfim, serem diagnosticados.
Somente a presença da proteína monoclonal no sangue já determina que a pessoa tem mieloma múltiplo?
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Atte.,